segunda-feira, 23 de novembro de 2009

Catarse.

Recentemente apresentei um artigo na pós e era necessário entender o efeito catártico que a literatura pode causar nas pessoas. Uma grande amiga que é integrante do grupo tinha escrito uma matéria justamente sobre esse efeito e me enviou, socializo com vocês para que em sala de aula possamos trabalhar a literatura através de seu efeito estético. E que o valor pedagógico possa ser o estético.

Boa leitura!!!







Efeito catártico

O Fantástico do dia 13/09/2009 (e que não pude assistir) ficou de explicar os motivos que levam uma pessoa a se emocionar, vibrar e participar de uma novela, de um filme ou de um livro. Não sei exatamente qual foi a explicação dada por eles, mas gosto da explicação filosófica sobre arte.




Platão acreditava que tudo o que criamos nesse mundo é uma cópia (simulacro) de algo que vimos no mundo das idéias superiores. Nesse mundo superior, tudo era perfeito e que nossas criações eram uma tentativa de criar algo semelhante. Semelhante, porém, não igual, porque para Platão, nós nunca vamos criar algo como o que vimos nesse mundo das idéias.



O que seria a arte para Platão?



A arte era vista como uma cópia, copiada da própria cópia e era conhecida como Mimeses (imitação). Quando representávamos de forma pictórica um vaso, estávamos representando um vaso que foi visto no mundo das idéias, assim, não era um vaso perfeito, era a cópia de um vaso imperfeito.



O filósofo achava que as artes imitativas – mímese – (pintura, poesia, música, teatro...) eram uma forma de alienação, pois não possuíam uma finalidade prática e seriam as causadoras do enfraquecimento moral do individuo ao estimular suas emoções e diminuir a capacidade racional.



Para Aristóteles, o artista não faz uma simples representação do “do real”. O artista seleciona e constrói uma representação universal da realidade, desvendando sobre a aparência exterior a essência interna e ideal. Essa essência interna e ideal é a verossimilhança.



A arte estimula as emoções através da verossimilhança e é na verossimilhança que nos identificamos, estimulamos, purgamos nossos sentimentos e nos purificamos. É desse sentimento mimético misturado com as nossas experiências que surge a purificação por meio de emoções – a catarse.




A catarse, ou melhor, o efeito catártico é o responsável por fazer você se emocionar quando assiste aquela cena da novela, ou quando termina aquele livro que você leu com tanto afinco. É na ficção, que funciona como espelho da realidade, que vivenciamos aquela realidade que não nos é permitida.



“Através da arte (...) distanciamo-nos e ao mesmo tempo aproximamo-nos da realidade” (Goethe).